Os vírus, efetivamente, não são considerados
seres vivos. Os vírus são partículas acelulares. Os seres vivos, para se ser classificado como
um ser vivo, tem de se obedecer a uma série de regras, onde os vírus falham. Essas regras incluem a capacidade de regulação,
homeostasia, de organização – terem estruturas bem organizadas, que os vírus têm, metabolismo,
capacidade de adaptação a estímulos, capacidade de replicação, que o vírus também tem. O vírus falha na capacidade de ter metabolismo
independente, só tem metabolismo quando está dentro das células, e na capacidade de resposta
a estímulos quando está fora das células. E por isso os vírus não podem ser considerados
seres vivos mas, se calhar, aquilo que eu costumo dizer e que já disse várias vezes
é que esta classificação de ser vivo ou não ser vivo é bastante debatível e compreendo
que seja bastante debatível. Até porque agora foram encontrados uma série
de vírus que são, efetivamente, muito grandes e eles próprios podem estar infetados com
outros vírus e já têm algumas coisas de metabolismo muito rudimentar. Não têm metabolismo completo, mas têm umas
coisitas de metabolismo rudimentar. O que, efectivamente, eu costumo pensar é
que esta classificação baseada em definições que nós impomos talvez não seja tão importante,
e o que seja mais importante é pensar nos efeitos que os vírus têm nos ecossistemas,
em todo o mundo e dado que infetam todos os reinos de vida têm imensas respostas, e provocam
imensas respostas. Não só a nível de evolução das espécies,
como também provocam danos nos humanos causam doenças, na agricultura infetam animais,
destroem plantas. Também têm ações benéficas, também podem
ter algum tipo de ações benéficas, por exemplo, no Ártico são responsáveis por
aumentar a capacidade de nutrientes, que é essencial para manter a vida aquela camada
espessa de gelo. Por isso, eu acho que por aí é interessante
pensar nesta alternativa. Existem muitos tipos de vírus diferentes,
alguns têm uma camada lipídica, como é o caso deste, outros não têm, têm só uma
camada proteíca, o material genético também é muito diferente – uns são de DNA ou ADN
(ácido desoxirribonucleico), como nós, outros são de RNA (ácido ribonucleico) Nós temos
uma camada dupla, há vírus que têm essa camada dupla de DNA, há outros que têm só
simples. Em termos de RNA, nós normalmente produzimos
RNA que é positive sense, nos vírus há uns que conseguem produzir RNA positive sense,
outros negative sense. A diversidade é imensa em termos de formas,
há vírus que infetam, como já disse, todos os reinos. Aqui temos de distinguir: o vírus chama-se
SARS-Coronavírus-2, a doença que provoca chama-se Covid-19. É um vírus que faz parte dos coronavírus,
da família coronaviridae, e há quatro tipos de géneros diferentes (Alfa, Beta, Gama e
Delta). A Alfa e Beta infetam humanos e já há bastantes
exemplos, já há 6 outros vírus Alfa e Beta juntos que são capazes de infetar humanos,
este é o sétimo. Quatro deles são responsáveis pelas constipações
anuais, sazonais e depois os outros dois que foram capazes de infetar humanos, foi o SARS-1
e o MERS, em 2003 e em 2012. O SARS-1, que é o que é mais parecido com
este, daí o nome, só esteve na população humana muitos poucos meses e o que fez com
que esses vírus pudesse desaparecer foi: o facto de o vírus ser transmissível apenas
após as pessoas terem sintomas de doença; conhecer-se o sítio de onde veio, o intermediário
e os morcegos, portanto saber-se a trajetória e evitarem-se novas reintroduções de vírus
e fazerem-se medidas que evitassem a transmissão. O que faz deste vírus diferente é que este
vírus consegue estar completamente assintomático e ser transmitido por pessoas completamente
assintomáticas. E portanto, aquela identificação ativa das
pessoas que estão infetadas é extremamente dificultada e é extremamente difícil. E eu acho que esta foi a diferença que fez
com que o vírus saísse completamente fora do controlo e que o faz tão bem sucedido.
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